quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O APOCALIPSE DE LA SALETTE


O APOCALIPSE DE LA SALETTE: “O CORAÇÃO DAS MENSAGENS DE MARIA” (1846)


"(...) Uma série de guerras terá lugar antes da última, na qual combaterão os dez reis aliados do anticristo, que serão os únicos governantes do mundo. Antes disto, porém, haverá uma falsa paz. As pessoas só pensarão em se se divertir... 


(...)" — Trecho da mensagem de Nossa Senhora em La Salette, no dia 19 de setembro de 1846.
As profecias da Santíssima Virgem entregues à humanidade no obscuro vilarejo dos Alpes franceses apresentam-se como o centro de todas as Suas mensagens.
No dizer de Antônio Marques Bessa, ela é o "ponto estelar onde a Virgem inicia um discurso profético no qual revela o medonho futuro da humanidade... Narra a vôo de águia os momentos cruciais de uma guerra invisível e muito próxima. Fala na mentalidade de perdição que tomará conta do mundo, na corrupção dos ministros da Igreja, no plano mundial para a destruição do Espírito Santo e da presença de Deus, no aniquilamento de nações e na queda das monarquias, no relaxamento e na abominação que reinará nos lugares santos".
"Significativamente — prossegue Bessa — a aparição teve lugar na mesma hora em que a tradição situa a morte de Jesus. A partir dali, a Virgem nunca mais pararia de chorar as lágrimas amargas que, naquela ocasião lhe corriam pelas faces, lágrimas de dor pelos homens cegos, que continuam crucificando Seu Filho".[1]

"Aproximem-se, filhos, não tenham medo: estou aqui para lhes anunciar uma grande notícia"


Naquele distante dia 19 de setembro de 1846, exatamente às 15 horas, as duas crianças Melânia Calvat (15 anos) e Maximino Giraud (11 anos) têm a visão simultânea da Mãe de Jesus.
"Subitamente — relata Melânia Calvat — vi uma luz mais brilhante que o sol... estava imóvel. Logo se abriu e vi uma belíssima Senhora, que aparecia sentada sobre o nosso 'paraíso' (uma casinha de pedras, que tinham construído), com o rosto apoiado nas mãos.
A bela Senhora levantou-se, cruzou os braços, e fixando-nos disse:
'Aproximem-se, filhos, não tenham medo: estou aqui para lhes anunciar uma grande notícia'.

Enquanto a Virgem falava as lágrimas rolavam de seus belos olhos


Maximino conta que essas doces palavras "fizeram-me voar até Ela". Segundo o humilde pastor, enquanto a Virgem falava "as lágrimas começaram a rolar de seus belos olhos. Disse:

'Se o meu povo não quiser se converter, serei obrigada a deixar cair a mão de meu Filho. Ela é tão pesada que já não consigo sustentá-la'.

A Virgem queixou-se do trabalho manual aos domingos, dia santificado ao Senhor, e da blasfêmia dos homens. Em seguida revelou a Maximino um curto segredo, que nunca deveria revelar. À Melânia, revelou outro, bem mais longo, que poderia tornar público a partir de 1858.
No local onde Seus pés tocaram jorrou uma nascente, que nunca mais secou.
O culto a Nossa Senhora da Salette foi autorizado em 1851, cinco anos depois da aparição. No entanto, exatamente como acontecerá com a Mensagem de Fátima, entregue pela Mãe do Verbo em Portugal, no ano de 1917, o conteúdo da mensagem de La Salette passa a ser motivo de grandes problemas para o resto da vida das duas crianças escolhidas e motivo de graves dissenções no clero.

Pio IX ficou convencido da origem celeste dos segredos


Em 1852 o Papa Pio IX, depois de aprovar a aparição, manifestou o desejo de conhecer os dois segredos. Os videntes, agora já alfabetizados, escreveram o conteúdo dos dois segredos pelo próprio punho, na presença de testemunhas eclesiásticas, e em seguida, foram formalmente remetidos ao Santo Padre.
Diante dos dois padres franceses que lhos entregaram fechados e selados, o rosto do Sumo Pontífice se alterou e exclamou: "Oh, isto é muito sério"!
Prometeu que meditaria naquela noite sobre tão importante mensagem. Na manhã seguinte, os padres receberam a seguinte nota: "O Papa ficou convencido da origem celeste dos segredos. Ele os terá em conta nas ações que deverá empreender".
Ficava assim reconhecido pelo próprio Sumo Pontífice a sobrenaturalidade da aparição e da mensagem. Em outra ocasião Pio IX diria abertamente: "O que há nos segredos de La Salette? Bem, são as palavras do Evangelho: se não fizerdes penitência, todos perecereis".

Todos os esforços para obterem uma proibição formal da mensagem de La Salette foram em vão


Também o Santo Padre Leão XIII reconheceu e apoiou a mensagem.
No entanto, o Segredo de Melânia, que contém as mais longas e graves profecias só foi publicado trinta e três anos depois, em 1879, com o nihil obstat-imprimatur[2] de dom Zola, Bispo de Lecce.
Essa publicação deu início ao calvário de Melânia através de incompreensões, perseguições gratuitas e até mesmo o exílio, como uma espécie de represália da parte dos bispos franceses, que pretendiam colocar a mensagem do segredo no Index, isto é, a relação de livros proibidos pela Igreja.
Mas "todos os esforços para obterem sua proibição formal foram em vão", escreveria dom Zola, em 1896.

O papa João Paulo II considerou a mensagem de La Salette "o coração das profecias de Maria"


Em pouco tempo, com a bênção e encorajamento do Papa, de vários Bispos e teólogos, e com edições sucessivas em várias dioceses, o segredo de La Salette se espalha pelo mundo inteiro.
A partir de então, a aceitação da origem sobrenatural dessa mensagem dada pela Santíssima Virgem passou a causar uma grande e interessante cisão no seio do clero que permanece até os dias de hoje.
E aqui é importante ressaltar que o Papa João Paulo II considerava a mensagem de La Salette "o coração das profecias de Maria".
Teólogos e mariólogos interpretam a mensagem dada em La Salette como uma profecia dirigida não só à França, mas à Igreja do mundo inteiro.
Para esses estudiosos, a mensagem detalha minuciosamente acontecimentos mundiais futuros de grande importância para nossos tempos... A apostasia que estamos vivendo foi totalmente prognosticada em La Salette.

Cloacas de impureza


Neste ponto de nosso estudo, veremos alguns tópicos dessa importante e grave mensagem profética da Santíssima Virgem.
Após falar a Melânia: "O que vou lhe dizer agora não será segredo para sempre... poderá publicá-lo em 1858", a Mãe de Jesus começa extravasando sua mágoa diante da calamitosa situação dos ministros de Seu Filho, que deveriam estar cumprindo o papel de verdadeiros guias espirituais de seu povo:

"Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela vida ruim que levam, pelas suas irreverências e falta de piedade ao celebrarem os santos mistérios, pelo amor ao dinheiro, às honrarias e prazeres, transformaram-se em cloacas de impureza. Muitos abandonaram a fé, e grande será o número de padres e religiosos que apostatarão da religião verdadeira: entre eles haverá até bispos. Será o tempo das trevas. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus que, pelas suas infidelidades e má vida estão crucificando novamente ao meu Filho! Os pecados das pessoas consagradas clamam ao céu, pedindo vingança, e a vingança agora está às portas, porque não se encontra mais ninguém para implorar misericórdia e perdão pelo povo; não há mais almas generosas; não há mais ninguém digno de oferecer um sacrifício sem mancha ao Deus Eterno em favor do mundo.
(Por isso) Deus vai castigar de maneira sem precedentes. Ai dos habitantes da terra! Deus vai esgotar sobre eles sua cólera e ninguém conseguirá escapar de tantos males juntos. Os chefes, os guias do povo de Deus, negligenciaram a oração e a penitência, e o demônio obscureceu suas inteligências; tornaram-se assim aquelas estrelas errantes, que a velha serpente arrastará com sua cauda para fazê-los perecer.[3]
"Deus permitirá que a antiga serpente ponha divisões entre os que regem as sociedades e as famílias. Sofrer-se-ão angústias físicas e morais. Deus abandonará a humanidade a si própria e enviará um castigo após outro. A sociedade está às vésperas das mais terríveis calamidades e dos maiores acontecimentos. Que se prepare para ser governada com vara de ferro e beber o cálice da ira de Deus".[4]


Apostasia e desorientação


Bessa destaca nesse trecho da mensagem "em primeiro plano a profecia da apostasia (perda da verdadeira Fé), que começa e se desenvolve na esfera superior dos consagrados: sacerdotes, bispos, religiosos e religiosas. A tibieza, a frieza e a impiedade das almas eleitas — diz a Virgem — 'estão crucificando de novo o meu Filho'. E usa de palavras duras para qualificar esse estado de coisas: 'os sacerdotes transformaram-se em cloacas de impureza'".
"Essa verificação, estranha e forte para o século XIX — prossegue Marques Bessa — atinge praticamente o nosso tempo e aplica-se à desorientação e à reivindicação do mundo, que penetrou no clero e nos consagrados em geral".[5]

"Que o Vigário de meu Filho, o Soberano Pontífice Pio IX, não saia mais de Roma depois do ano 1859; mas seja firme e generoso, combata com as armas da fé e do amor; Eu estarei com ele"


Um dos aspectos da profecia que logo fielmente se cumpriu está no pedido feito por Nossa Senhora ao Papa Pio IX para que não saísse de Roma, depois de 1859, e combatesse "com as armas da fé e do amor", e se mantivesse alerta contra as manobras da Maçonaria e "desconfie de Napoleão", embora em 1846, ele ainda sequer tivesse surgido na política interna da França.


"Que o Vigário de meu Filho, o Soberano Pontífice Pio IX, não saia mais de Roma depois do ano 1859; mas seja firme e generoso, combata com as armas da fé e do amor; Eu estarei com ele. Que ele desconfie de Napoleão [III]; seu coração é falso, e quando ele quiser tornar-se ao mesmo tempo Papa e Imperador, Deus se afastará dele; ele é como a águia que, querendo subir sempre mais, cairá sobre a espada da qual queria se servir para obrigar os povos a elevarem-no".


Neste caso específico, Maria refere-se ao maçom carbonário Napoleão III, futuro imperador da França de 1852 a 1873.
A veracidade da profecia se concretiza a partir do momento em que no ano de 1846, quando o segredo foi revelado a Melânia, ninguém imaginava que outro Napoleão surgiria na França, muito menos o imperador Napoleão.
O único sucessor possível do grande Napoleão era seu sobrinho, considerado fútil e idiota e, naquele momento, se encontrava preso no forte de Ham, condenado à prisão perpétua.
É fato histórico que ele ganharia liberdade apenas em julho de 1851, por ocasião do golpe de Estado e do Segundo Império. Apenas feito imperador, declarou guerra a Melânia.[6]

Ninguém mais ria do apocalipse de La Salette


O pesquisador Ingo Swann lembra que a profecia sobre um novo Napoleão deve ter sido motivo de riso e foi um choque quando o idiota fútil foi eleito presidente da França em dezembro de 1848.
Quanto a Pio IX, em 1848, dois anos depois de eleito Papa, confusões políticas e tumultos fizeram-no sair de Roma e ir para Gaeta. Voltou a Roma em 1850 para ser apoiado no poder só pelos exércitos do novo Napoleão. Foi justamente neste ano de 1851 que esse pontífice recebeu o apocalipse de La Salette.
Swann prossegue: "Essa passagem deve ter impressionado muitíssimo o pontífice e todo mundo também. Finalmente, havia também certa verdade sobre a questão de Napoleão III desejar tomar o papado — quase exatamente como seu famoso tio, Napoleão I, tinha pensado em fazer. Se a profecia da Senhora sobre fome e doenças (que se cumprira integralmente) tinha sido impressionante, as sobre Napoleão III foram comovedoras quando se realizaram. Ninguém mais ria do apocalipse de La Salette".[7]

Muitos abandonarão a Fé, e o número dos sacerdotes e religiosos que se afastarão da verdadeira religião será grande


Com relação à Itália, a Virgem profere novos vaticínios:

"A Itália será punida pela ambição de querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores; será também entregue à guerra, o sangue correrá por todo lado; as igrejas serão fechadas ou profanadas; os sacerdotes, os religiosos serão expulsos; dar-se-lhes-á a morte, e morte cruel. Muitos abandonarão a fé, e o número dos sacerdotes e religiosos que se afastarão da verdadeira religião será grande; entre essas pessoas se encontrarão até bispos".


Referindo-se aos graves conflitos que se sucederiam:


"A França, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra. O sangue correrá pelas ruas. O francês lutará contra o francês, o italiano contra o italiano. Virá uma guerra, que será medonha. Por algum tempo Deus se esquecerá da França e da Itália, porque esqueceram o Evangelho de Jesus Cristo".

Ao dizer que o sangue correria entre irmãos de uma mesma nacionalidade, a Santíssima Virgem anunciava uma sucessão de guerras civis que deflagariam na França, na Espanha e na Inglaterra. E também parece referir-se ao que poderá ser uma possível Terceira Guerra nuclear, uma "guerra geral, que será medonha".

"Os espíritos das trevas difundirão por toda parte o relaxamento em tudo o que constitui o serviço de Deus"


Para os teólogos e cristãos modernos que colocaram Satanás na berlinda, contrariando frontalmente os ensinos e alertas de Jesus contidos nos Evangelhos a esse respeito, a Santíssima Virgem prediz a fúria de Lúcifer que se desencadearia gradativamente sobre uma humanidade intelectualizada mas descrente:

"No ano de 1864, Lúcifer e um grande número de demônios serão soltos do inferno e, pouco a pouco, acabarão com a fé, até das pessoas consagradas a Deus.[8] Muitas instituições religiosas perderão completamente a fé, fazendo com que se percam muitas almas. O mundo abundará de livros maus, e os espíritos das trevas difundirão por toda parte o relaxamento em tudo o que constitui o serviço de Deus. Terão grande poder sobre a natureza e se construirão templos para cultuá-los".[9]
"No ano de 1865, ver-se-á a abominação nos lugares santos. Nos conventos, as flores da Igreja estarão putrefatas, e o demônio se converterá em rei dos corações".

Ofensiva antirreligiosa atingiu o auge na França, após a derrota de 1870, com o surgimento maçônico da Comuna e assassinatos em grande escala


Sobre essas calamidades preditas para os anos 1864/1865, Câmpora explica: estes dois anos "se referem à ofensiva antirreligiosa e anticatólica em toda a Europa, na qual nem todos os padres e religiosos permaneceram fiéis. Referem-se em especial à Itália, com a luta do carbonarismo, 'a jovem Itália', o Piemonte, Garibaldi, Mazzini, Cavour e outros, com a religião, a Igreja, o Papa e os estados pontifícios, que culminou com o saque de Roma e a reclusão voluntária de Pio IX e seus sucessores no Vaticano. Ofensiva antirreligiosa que atingiu o auge na França, após a derrota de 1870, com o surgimento maçônico da Comuna, com assassinatos em grande escala, inclusive de sacerdotes e religiosos e do cardeal-arcebispo de Paris".[10]
Aos que presidem as comunidades religiosas a Virgem recomenda:

"Estejam atentos com os que vão admitir, porque o demônio usará de todos os ardis para introduzir nas Ordens religiosas pessoas dadas ao pecado, pois as desordens e os prazeres da carne estarão por toda a terra".

Um marco histórico no que poderíamos denominar de perda da Fé


A perda da Fé é a vitória do demônio, que por essa estratégia, faz com que religiosos se apartem de Deus.
"A segunda metade do século XX — diz Marques Bessa — e todo o século XX o tempo por excelência da ação direta do maligno. Ação que adquire tanto mais ímpeto no mundo quanto menos for a força da oração e da piedade. O diabo vai encontrar um mundo que o recebe de braços abertos, já preparado pela Revolução Francesa em 1789, pelas campanhas maçônicas libertárias, napoleônicas e liberais, pelos clubes enciclopedistas e pelas lojas maçônicas, onde confraternizavam militares, príncipes, banqueiros, bispos e sacerdotes, reis e aristocratas".
"Deus na sua justiça — é ainda Bessa quem fala — não faz mais que atender ao apelo dos homens, deixando cair sobre o mundo aquele que não tinham cessado de reverenciar e chamar, recusando obstinadamente o suave jugo do amor divino".[11]
É inegável que o período sucedâneo à profecia de La Salette torna-se um marco histórico no que poderíamos denominar de perda da Fé.

A falsa luz ilumina o mundo


Conforme comenta Bessa: "Após a libertação de Lúcifer e suas hordas, tudo se acelera. A força do maligno dirigir-se-á contra a fé e procurará aboli-la, conseguindo sua finalidade quase por completo, a começar por aqueles cujo primeiro dever era guardá-la intacta. A descrição profética torna-se aqui mais concreta: mencionam-se os livros maus que abundarão sobre a terra, e que hoje todos vemos. Eles vão da pornografia descarada ao ateísmo e à impiedade militante. Para servir os espíritos maus que imperam no mundo surgirão igrejas, com seus sacerdotes e seus locais de adoração, frequentados pela sociedade em quase todas as capitais da terra. Mas, além deste culto satânico, há todo um conjunto de igrejas secretas, espíritas, pentecostais, maçônicas, falsos messias, enfim, toda uma nuvem de treva que atrai cada vez mais almas para o abismo, perante um indiferentismo generalizado da Igreja institucional, onde também penetrou, segundo as palavras de Paulo VI, a 'fumaça de Satanás'. Daí a conclusão inevitável: 'a falsa luz ilumina o mundo'. Essa luz satânica será ainda a única a brilhar, enquanto os milagres tecnológicos e científicos contribuirão para aumentar ainda mais o orgulho dos filhos de Caim. A verdadeira Fé, feita de piedade e temor de Deus, terá desaparecido ou estará oculta em alguns corações".

"O Vigário de meu Filho terá de sofrer muito - por um tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições"


O declarado objetivo de erradicar o Cristianismo da face da terra, através da virulência dos ataques à pessoa do Papa e à Igreja, fica explícito nas seguintes palavras da Santíssima Virgem:

"O Vigário de meu Filho terá de sofrer muito, porque por um tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições: será o tempo de trevas... Tendo-se esquecido de Deus, os indivíduos quererão viver exclusivamente para si mesmos e ser superiores aos de sua mesma classe. Suprimirão os direitos civis e eclesiásticos, toda ordem e justiça serão pisoteadas. Ver-se-ão apenas crimes, ódios, invejas, mentiras e desavenças. Desaparecerá o amor à pátria e à família. Todos os governos civis terão um mesmo objetivo: abolir de uma vez por todas os princípios religiosos, para assim deixar aberto o caminho ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritualismo e a toda espécie de vícios".

Uma conjuração mundial oculta


A esta passagem, comenta Marques Bessa:
"Esta declaração de Maria dá uma ideia do poder maléfico instalado nas cúpulas das nações. Claramente ela denuncia a existência de um plano para destruir a fé. Um plano que é levado adiante, não por este ou aquele governo, mas por 'todos os governos'. Tal fato só pode significar a existência de uma conjuração mundial oculta, com dirigentes escondidos, que senhoreiam e dirigem os mandaretes das nações. Essas organizações ocultas, com poder nos governos, não podem deixar de ter relações com a maçonaria e suas diversas dependências mundiais, os organismos internacionais e os clubes financeiros do mundo... O plano deles é o mesmo previsto pela serva de Deus Catarina Emmerich: a demolição do templo de Deus e a construção de um templo ao diabo, onde todos caibam unidos na filantropia, no relativismo, no racionalismo e no internacionalismo".[12]

Um precursor do Anticristo, com um exército composto de muitas nações


Outra passagem terrível da mensagem de La Salette, igualmente prevista por Jesus, pelos profetas e muitos santos da Igreja, refere-se à chegada do Anticristo:
"Um precursor do anticristo, com um exército composto de muitas nações".
Este precursor preparará o caminho, aberto por uma nova traição dos sacerdotes, conforme podemos conjeturar no item 25 da mensagem:
"Ai dos príncipes da Igreja que se preocuparam apenas em amontoar riqueza sobre riqueza, em salvaguardar sua autoridade e dominar com orgulho! Tremei, ó terra, e vós que fazeis profissão de servir Jesus Cristo e que dentro de vós adorais a vós mesmos. Tremei, porque Deus vai entregar-vos ao seu inimigo, pois os lugares santos caíram na corrupção; muitos conventos já não são casas de Deus, e sim pastos de Asmodeu e dos seus".
Ou seja, corrupção da fé e luxúria, uma vez que Asmodeu é o demônio da luxúria e das uniões pecaminosas.

Pretenderá aniquilar o culto de Deus, para ser considerado ele mesmo como Deus


A Virgem em La Salette prossegue, alertando sobre o Anticristo:
"Combaterá o verdadeiro Cristo, o único Salvador do mundo: derramará muito sangue e pretenderá aniquilar o culto de Deus, para ser considerado ele mesmo como Deus. A terra será castigada com todo tipo de calamidades (além da peste e da fome, que serão gerais). Uma série de guerras terá lugar antes da última, na qual combaterão os dez reis aliados do anticristo, que serão os únicos governantes do mundo. Antes disto, porém, haverá uma falsa paz. As pessoas só pensarão em se divertir".

Será então neste momento de mentalidade de diversão e de falsa paz, motivada pela total descrença da possibilidade da alma perder-se para sempre de seu Criador por sua exclusiva livre escolha que:

"Nascerá o anticristo de uma religiosa hebreia, de uma falsa virgem, que terá comunicação com a antiga serpente, a mestra da impureza... será o demônio encarnado. Seu pai será bispo... será uma encarnação do demônio".[13]

Ainda segundo Bessa, "com alianças militares e com sua própria força, o anticristo apossar-se-á da terra, ajudado pelas força malignas. O seu reino se estabelecerá e ele pensará ter usurpado o reino de Jesus. A sua habilidade suprema consistirá em fazer-se passar pelo verdadeiro Cristo e exigir a adoração reservada ao Senhor".

"O Papa deve acautelar-se contra os fazedores de milagres"


Em La Salette, a Santíssima Virgem explica que, com a ajuda do Anticristo:
"Os demônios do ar farão grandes prodígios na terra e nos ares, e os homens se perverterão mais e mais".
Por isso, "o Papa deve acautelar-se contra os fazedores de milagres, porque chegou o tempo em que se hão de operar os mais estupendos prodígios na terra e no ar".
"Haverá em todos os lugares portentos extraordinários, porque a fé verdadeira se apagou, e uma falsa luz ilumina o mundo...
"As estações serão alteradas, a terra só produzirá maus frutos, os astros sairão de suas órbitas, a lua só refletirá uma luz avermelhada. A água e o fogo imprimirão ao globo terrestre movimentos convulsivos, e horríveis terremotos devorarão montanhas e cidades".

"Roma perderá a Fé e se tornará a sede do anticristo"


A revelação seguinte é a mais estarrecedora.
A Virgem afirma que Rome perdra la foi et deviendra le siège de l´Anticrist, ou seja: 

"Roma perderá a fé e se tornará a sede do anticristo".
"Ai dos habitantes da terra! Virão guerras sangrentas e fome, pestes e enfermidades contagiosas. Cairá uma espantosa saraivada de animais. A tempestade sacudirá cidades, os terremotos engolirão países. Ouvir-se-ão vozes no ar. Os homens baterão com a cabeça nas paredes, pedindo a morte, porém a morte será o seu tormento. Correrá sangue por toda parte. Quem poderá vencer, se Deus não encurtar o tempo da prova? O sangue, as lágrimas e as orações dos justos aplacarão a Deus... A Roma pagã desaparecerá. O fogo do céu consumirá três cidades. O universo inteiro será presa de terror; e muitos se deixarão enganar, por não terem adorado o verdadeiro Cristo, que vivia entre eles. Chegou o tempo, o sol escurece, só a fé viverá. Eis o tempo: o abismo começa a abrir-se. Eis o rei dos reis das trevas; eis a besta que se proclama o salvador do mundo, e seus súditos. Elevar-se-á soberbo pelos ares, para subir ao céu. Mas será precipitado pelo sopro de São Miguel Arcanjo. Cairá, e a terra, que há três dias estava em contínuas evoluções, abrirá suas entranhas ardentes; e ele será precipitado com seus seguidores, nos abismos eternos do inferno. Então a água e o fogo purificarão a terra e consumirão todas as obras do orgulho humano e tudo será renovado.
"Far-se-á então a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Cristo será servido, adorado e glorificado; a caridade renascerá em toda parte. Os novos reis serão o braço direito da Igreja, que será forte, humilde, piedosa e imitadora das virtudes de Cristo. O Evangelho será pregado por toda parte e a humanidade crescerá na fé, porque haverá unidade entre os obreiros de Jesus Cristo, e todos viverão no temor de Deus".

Segundo Marques Bessa, "nestas palavras, reafirma-se um tempo profundamente cristão, simples e verdadeiro, com uma Igreja de luz, segura de sua missão e particularmente gloriosa. As repúblicas maçônicas darão lugar às monarquias e à legitimidade tradicional; povos e reis servirão ao Rei dos reis... Será um tempo feliz em que os homens voltarão possivelmente à agricultura e progredirão no conhecimento de Deus, realizando a unidade e pregando o Evangelho. O temor de Deus estará no coração das novas sociedades, que serão justas e pacíficas".

"Chamo os apóstolos dos últimos tempos"


Mas na mensagem de La Salette, que em seu teor esboça em traços largos a história do futuro, há ainda um pungente apelo da Virgem Santíssima:

"Dirijo um urgente pedido à terra. Chamo os verdadeiros discípulos do Deus vivo...; chamo os meus filhos, os meus verdadeiros fiéis, os que se entregaram a mim..., chamo enfim os apóstolos dos últimos tempos, os fiéis discípulos de Jesus Cristo que viveram no desprezo do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, sofrendo ignorados pelo mundo. Já é hora de saírem e encherem de luz a terra. Vão e apresentem-se como meus filhos queridos. Estou com vocês e em vocês, desde que a fé seja a luz a iluminá-los nestes dias de infortúnio. Que o zelo os torne como que famintos da glória e da honra de Jesus Cristo. Combatam, filhos da luz, porque chegou o tempo de todos os tempos, o fim de todos os fins".

E aqui vemos o predestinado e providencial papel da Santíssima Virgem como Mãe do Verbo, Mãe da Igreja e Mãe dos verdadeiros cristãos.

Para os incrédulos as crianças tinham simplesmente inventado toda a história


Realmente é impressionante que toda essa mensagem tenha sido recebida por duas crianças analfabetas, totalmente incapazes de compreender alguma coisa além de suas rotinas de humildes pastoras.
Melânia, naquela ocasião com 14 anos, tinha sete irmãos e ainda era muito pequena quando a mandaram mendigar.
Maximino, então com onze anos, é descrito como "menino problema" que andava pelas ruas, onde também mendigava e cometia pequenos furtos na tentativa de arrumar algo para comer.
As duas crianças, naturais de Corps, lugarejo a uns cinco quilômetros abaixo das encostas de La Salette, tinham se conhecido havia menos de vinte e quatro horas, ao serem contratados para pastorear o gado nas encostas montanhosas, tendo obtido esse pequeno emprego de dois agricultores de Alandins, outra aldeia próxima.
Mesmo com esses antecedentes, essa notável intervenção de Maria sofreria ataques acirrados de incrédulos que diziam que as crianças tinham simplesmente inventado toda a história.

A Ordem dos Apóstolos dos Últimos Tempos


Esses fatores foram determinantes quando, em 1846, o Bispo de Grenoble, Dom Bruillard, após formar duas comissões de cônegos e professores que estudaram a fundo a mensagem, aprovou-a oficialmente.
A aprovação do bispo foi lida em todas as igrejas da diocese e, a seguir, enviada a Roma, que também a sancionou.
Convém ressaltar que ao falar Melânia sobre os "apóstolos dos últimos tempos", a Santíssima Virgem lhe ditava a Regra que deveria nortear uma nova Ordem religiosa com características bem peculiares.
Depois de alfabetizada e após ter sido recebida pelo Papa Leão XIII em Roma, a menina resolveu escrevê-la. O Sumo Pontífice ordenou que lhe fosse dada toda a assistência para poder passar ao papel serenamente a Regra da Ordem dos Apóstolos dos Últimos tempos, desejada por Nossa Senhora.

Apesar de reconhecida oficialmente pelo Bispo e pelo Papa, repentina e implacável perseguição à La Salette tomou vulto por parte do episcopado francês


Tudo parecia caminhar muito bem para essa extraordinária intervenção da Mãe do Verbo. Apesar de reconhecida oficialmente pelo Bispo e pelo Papa, uma repentina e implacável perseguição tomou vulto por parte do episcopado francês.
"Movidos por desvios religiosos de galicanismo[14] ou de liberalismo católico e por ambições e interesses políticos... os bispos primeiro pressionaram os videntes para lhes revelarem a mensagem ainda secreta; em seguida perseguiram e desterraram Melânia e logo se puseram a intrigar em Roma, para impedir que se publicasse o segredo e se redigisse a Regra da Ordem dos Apóstolos dos Últimos Tempos". (Câmpora)[15]

Uma mensagem que deveria ser espalhada foi sistematicamente abafada


Duas objeções a essa intervenção marial centraram-se exclusivamente na sua mensagem profética.
A primeira, devido a causa de sua denúncia aos maus pastores da Igreja, aos "mercenários do templo". Uma "denúncia materna, clara, implacável, sem véus ou diplomacia". Muitos prelados sentiram-se atingidos e jogaram pesado para silenciar a voz que os alertava sobre o perigo, tentando assim por todos os meios proibir a divulgação da mensagem "anticlerical" de Nossa Senhora.
A segunda objeção era a sua conotação fortemente apocalíptica. A Virgem começava anunciando assombrosos castigos que se abateriam sobre a humanidade, ao atingir ela uma adiantada fase de apostasia (abandono da verdadeira Fé) e impiedade.
Portanto, o segredo que deveria ser espalhado, atendendo ao pedido da Santíssima Virgem: "Façam conhecer isto a todo o meu povo", foi sistematicamente abafado e escondido.
Assim, La Salette, que estava destinada a ser "um sinal velado de nuvens e atravessado de relâmpagos", acabou se convertendo num lugar convencional de romarias, de oração e penitência.

Maria Santíssima se manifestou na montanha para transmitir uma profecia sobre o fim dos tempos


No entanto, não foi primeiramente para isto que Nossa Senhora se manifestou na montanha, mas sim para transmitir uma profecia sobre o fim de todos os fins e apresentar um plano de batalha, que possibilitasse evitar a catástrofe.[16]
Uma verdadeira guerra para impedir a divulgação da mensagem "anticlerical" de La Salette teve início com Dom Ginoulhiac, sucessor de Dom Bruillard na diocese de Grenoble.
Em 1854, um ato de verdadeiro abuso de autoridade, para livrar-se da incômoda vidente, desatendendo ao favor solicitado pela vítima, desterrou-a para um convento de clausura em Darlington, na Inglaterra, com ameaça de ex-comunhão caso retornasse à diocese. Espalhou a versão de que o texto do segredo estava recheado de "expressões hiperbólicas". Por isso, afirmações como "cloacas de impureza", atribuída aos sacerdotes, não deviam ser entendidas em sentido literal.
Ao regressar Melânia à França em 1860, refugiando-se no carmelo de Marselha, apenas chegada, recebe a notícia de que dom Ginoulhiac, o Bispo que a mandara para o exílio, tinha enlouquecido e morrera num manicômio.
Dom Fava foi seu sucessor. Acalentando ambiciosos planos com relação ao recém-construído santuário, que deseja transformar em pólo de grandes romarias, mostra-se ferrenho inimigo da mensagem, que é justamente a alma da aparição.
Ao saber o Bispo que o Papa Leão XIII deseja falar com a vidente para encorajá-la a fundar a Ordem pedida por Nossa Senhora, vai procurá-la em Altamura, onde a pobre vidente passara a viver. Temendo que a publicação do segredo venha a prejudicar seus projetos, exerce forte pressão sobre Melânia para que se silencie.

Estranhas ocorrências com prelados opositores da mensagem de La Salette


Estranhamente, pouco tempo depois, Dom Fava é encontrado morto em seu quarto, estatelado no chão, nu, olhos esbugalhados e punhos crispados.
Dom Gilbert, Bispo de Amiens, que vociferara: "O segredo de La Salette não passa de uma trama antirreligiosa, feita de exageros e mentiras", em 16 de agosto de 1889, foi igualmente encontrado morto no chão de seu quarto e, durante os funerais, o féretro tombou do catafalco.
O próprio arcebispo de Paris, Dom Georges Darboy, que foi outro famigerado inimigo da mensagem de La Salette, interrogou pessoalmente Maximino coagindo-o para que lhe revelasse o segredo. Não obtendo o desejado, gritou-lhe: "As palavras da tua bela Senhora são cheias de estupidez, como estúpido deve ser o seu segredo". Ao que o vidente lhe replicou: "Ele é tão veraz e tão certo que vi a bela Senhora, quanto, em menos de três anos, vossa excelência será fuzilado".[17]
Admoestado em 1865 por Pio IX, por causa do seu aceso galicanismo (rebeldia ao Papa), anos depois, durante o Concílio Vaticano I, esse Arcebispo também se alinhou ao tristemente célebre monsenhor Dupanloup, contra o Papa, desertando Roma num protesto silencioso contra a iminente definição da infabilidade pontifícia. E com essa atitude, esquivaram-se também em sustentar a Fé de que Cristo esteve, está e sempre estará no leme de Sua Igreja, conforme Ele próprio prometera.
Sim, porque a declaração de infabilidade papal não está embasada na onisciência do homem que ocupa o sublime e terrível cargo de Sumo Pontífice, mas na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, cujo penhor prometido respalda o papel terreno de Seu Vigário na terra. E isso realmente é mera questão de Fé Católica.[18]
De volta à França, o Arcebispo Darboy cai vítima da fúria maçônica da Comuna. A caminho do muro do muro de fuzilamento, ele protesta, alegando que sempre defendera a liberdade. Ao que um dos verdugos lhe responde: "Cala-te! A tua liberdade não é a nossa!" Tal foi o triste fim do Arcebispo de Paris, naquele 24 de maio de 1871.[19]
Como vimos anteriormente no tópico Mensagem de Maria Santíssima em Paris, França (1830), a Mãe de Jesus chorara diante de Cartarina Labouré a morte de "monsenhor, o arcebispo" quarenta anos antes, ao mesmo tempo em que anunciava as "grandes calamidades" que sobreviriam, quando a cruz seria novamente "calcada aos pés", o que se deu logo no início da guerra franco-prussiana".[20]

Como os sumo sacerdotes que condenaram à morte o divino Salvador


E quanto a mensagem de La Salette, todas essas hostilidades por parte de muitas autoridades eclesiásticas fizeram com que "as lágrimas de Maria e suas palavras fossem tão perfeitamente ocultadas que, sessenta anos depois, a Cristandade ainda as ignora", deplorava Léon Bloy em 1907.
Um ano antes de sua morte, Melânia escreve:
"Os bispos que consideraram o segredo como dirigido a eles foram grandes inimigos desta mensagem de misericórdia, justamente como os sumo sacerdotes que condenaram à morte o divino Salvador... De fato, eles tinham razão para reagir, pois o segredo não fazia mais que refletir suas vidas desviadas".
É fato inconteste que essa manifestação da Santíssima Virgem em La Salette trouxe enorme dissabores aos portadores da mensagem.

Contínua jornada de desterro, amargura e solidão


A vida de Melânia foi uma contínua jornada de desterro, amargura e solidão. Consta que recebeu os estigmas e morreu em Altamura, sul da Itália, em 15 de dezembro de 1904.
Nutria sobre si mesma um modesto conceito, retratado nesta frase:
"Nossa Senhora procurou no mundo inteiro e como nada encontrou de mais baixo, viu-se obrigada e me escolher".[21]
Na noite de 14 para 15 de dezembro de 1904, com 72 anos de idade, Melânia faleceu em Altamura, província de Bari, Itália — sozinha num quarto, conforme tinha predito. Naquela noite os vizinhos ouviram um cântico de anjos que saía de seu apartamento. Santo Aníbal de França, seu confessor e diretor espiritual, pronunciou ardoroso elogio fúnebre da vidente e de sua santidade nas catedrais de Altamura e Messina.
Santo Aníbal de França preparou seu processo de beatificação, mas não pôde introduzi-lo, pois faleceu antes de conclui-lo.
São Pedro Julião Eymard, fundador dos sacramentinos, morreu estreitando contra o peito uma imagem da aparição.
O Papa São Pio X perguntou ao bispo que presidiu os funerais de Melânia: "E nossa santa?".[22]

O testemunho de Maximin Geraud


Maximin entrou no seminário diocesano, destacando-se por sua seriedade e piedade.
O bispo de Grenoble, Mons. Ginoulhiac, declarado opositor da aparição, impôs-lhe como condição para ser ordenado: não mais falar do caso e silenciar o segredo que Nossa Senhora lhe pedira para divulgar. Maximin, no entanto, fiel ao seu involuntário papel de escolhido de Maria Santíssima, respondeu em carta:
"Se Sua Excia. Mons. Ginoulhiac tem a intenção de me paralisar antecipadamente, de não me deixar nem agir, nem falar nem escrever, quando a minha missão de apóstolo de La Salette me tornará obrigatório fazê-lo, pense antes de me dar sua opinião. Uma tal intenção no meu superior seria um sinal positivo de eu não ter vocação. Deus não iria me dar uma vocação sacerdotal diametralmente oposta à vocação que me vem de Maria: a de difundir em todo lugar e sempre, segundo as circunstâncias, suas advertências a seu povo. Eu não teria então outra coisa a fazer senão ingressar na nova milícia religiosa que combate voluntariamente e sem empecilhos, mas também por sua conta e risco, sem engajar em nada a responsabilidade dos pastores".[23]

Indomável determinação em fazer a vontade de Nossa Senhora acima da vontade dos homens


Maximin também transmitiu mensagens pessoais para personagens-chaves de seu tempo.
Ao conde de Chambord, pretendente legitimista à coroa da França, tentou dissuadi-lo de reinar. Ao arcebispo de Paris, Mons. Darboy, predisse que morreria fuzilado, como de fato o foi pelos revolucionários da comuna de Paris.
A Napoleão III, advertiu-o de sua próxima queda caso abandonasse o Papa, como acabou acontecendo.
Maximin foi acolhido por uma família de Paris. Com a revolução da comuna de 1870 a casa foi tomada e ele acabou por morar ao relento, onde ficou gravemente doente.
Na mais extrema indigência, Maximin pediu a Mons. Ginoulhiac um lugar onde pudesse morrer dignamente. O prelado recusou o pedido.
Em 1.º de março de 1875, aos 39 anos de idade, entregou sua alma a Deus em sua cidade natal de Corps. Deixou o exemplo de uma vida moral íntegra e de uma indomável determinação em fazer a vontade de Nossa Senhora acima da vontade dos homens. Seu coração foi depositado na basílica de La Salette, e seu corpo no pequeno cemitério de Corps.

"Há poucos sacerdotes em vossa diocese que tenham feito tanto quanto eu por La Salette"


São João Maria Vianney deixou seu testemunho favorável à mensagem de La Salette e a Maximin, por ocasião de uma maledicência. O próprio Cura d'Ars dissipou as murmurações quando escreveu ao bispo de Grenoble:
"Tenho uma grande confiança em Nossa Senhora de La Salette; faço vir água da fonte; abençoo e distribuo grande quantidade de medalhas e imagens representando esse fato; distribuo pedacinhos da pedra sobre a qual a Santa Virgem teria sentado, levo um pedaço continuamente comigo e até o fiz pôr num relicário. Falo muito frequentemente do fato na Igreja. Parece-me, Monsenhor, que há poucos sacerdotes em vossa diocese que tenham feito tanto quanto eu por La Salette".[24]

Melânia e Maximin entraram na iconografia católica aos pés de Nossa Senhora


Mas tudo que aconteceu em La Salette, a aparição da Santíssima Virgem, suas graves admoestações de Mãe à Igreja e a toda humanidade, todas as perseguições por parte de elementos do clero e das pessoas seculares, seria apenas o prenúncio dos terríveis tempos que viriam pela frente.
O mundo passaria a rejeitar voluntariamente cada vez mais seu Criador.
O ocidente se oporia frontalmente aos princípios da moral cristã até perder sua própria identidade, chafurdando numa sucessão de ideologias antiteístas que nada mais fizeram do que gestar e parir o embrião da Novus Ordo Seclorum ou mundo globalizado laicista.
Hoje, estarrecidos, alguns poucos de nós tentam compreender o que realmente tem dado errado na história...
Conforme ressalta Luis Eduardo Dufaur em seu artigo Vida e morte dos videntes de La Salette, contraditados, antipatizados, difamados e perseguidos por alguns, mas apreciados, defendidos e protegidos por pessoas virtuosas e mesmo santas, Melânia e Maximin entraram na iconografia católica aos pés de Nossa Senhora, nas inúmeras imagens de La Salette que se veneram em toda a Terra.



[1] BESSA, António Marques; O Segredo dos Últimos Tempos: A Montanha de La Salette. Mem Martins: Associação Cultural Tudo Instaurar em Cristo, 1983.
[2] Palavras latinas, que significam: nada há que impeça – imprima-se.
[3] "(O Dragão) varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho. Ela deu à luz um Filho (Jesus Cristo), um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono". (Ap. 12,4). Vários estudiosos vêem nesta menção de Maria em LaSalette uma referência à presente citação de Apocalipse, mencionada acima, como sendo uma alusão à terça parte do clero que se corromperia e se perderia.
[4] O texto completo da mensagem de La Salette pode ser encontrado em O segredo dos últimos tempos: a montanha de La Salette, de Antônio Marques Bessa, ou então O terceiro segredo de Fátima, do Dr. Luiz Gomes. Há também na internet sites católicos que disponibilizam o segredo na íntegra.
[5] CESCA, Olívio. A Profetiza dos Tempos Finais. Editora Myriam.pp. 7. 5.ª ed. 2001.
[6] Napoleão III, 1808 – 1873, imperador francês nascido em Paris, que com um golpe de estado tornou-se imperador, interrompendo o regime republicano. Filho de Luís Bonaparte, rei da Holanda, e Hortênsia de Beauharnais, respectivamente, irmão e enteado do imperador deposto (1815) Napoleão Bonaparte e, portanto sobrinho deste. Passou a juventude exilado na Alemanha e na Suíça, participou da Maçonaria Carbonária (1830-1831), revolta contra a autoridade papal na Itália e com a morte do único filho de Napoleão Bonaparte (1832), tornou-se a principal figura do movimento bonapartista.
[7] SWANN, Ingo. As grandes aparições de Maria. Relatos de vinte e duas aparições. pp. 102-103. 2.ª ed. Edições Paulinas. 2002.
[8] "Depois de se completarem mil anos, Satanás será solto da prisão. Sairá dela para seduzir as nações dos quatro cantos da terra (Gog eMagog) e reuni-las para o combate. Serão numerosas como a areia do mar. Subiram à superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos e a cidade querida". (Ap 20,7-9)
[9] Segundo dados fornecidos em 2004 pelo ISPES (Instituto para a Promoção do Desenvolvimento Econômico e Social) somente a Itália teria mais de 78 mil magos, videntes e curandeiros ativos, enquanto os adeptos das seitas e pseudo-seitas seriam cerca de 8.500, divididos em 15 grupos. O Lácio e a Lombardia são as duas regiões italianas que detêm o recorde de número de seitas satânicas e de adeptos do ocultismo e do esoterismo no país. Essas seitas prometem a seus sequazes, purificação e iluminação, e são essas as grandes responsáveis por casos de desestruturação mental de seus adeptos. Além disso, são frequentemente acusadas de enriquecimento ilícito em detrimento de seus afiliados. As seitas satânicas podem ser assim classificadas: as adeptas do satanismo-racionalista, para as quais Satanás representa um símbolo de rebelião, de anticonformismo e de hedonismo; as adeptas do satanismo-ácido, caracterizadas por manifestações de episódios de perversões através de experiências de drogas, orgias ou atos de violência; e as adeptas do "luciferismo", de inspiração maniqueístas, para as quais Satanás é um dos dois princípios vitais que deram origem ao universo. Portanto, não seria o Mal, mas sim, simplesmente o oposto de Deus. Só na região da Lombardia, os grupos satânicos — em sentido estrito — seriam mais de 100, dos 650 existentes na Itália. A esses se acrescentam numerosos outros tipos de seitas ocultas dificilmente identificáveis e enquadráveis. Trata-se de um fenômeno em expansão, que alcançou níveis dramáticos, como no caso do duplo homicídio de dois jovens, na província de Varese, perpetrados por jovens adeptos de uma seita denominada "As bestas de Satanás". No Lácio, a área de maior incidência dessas seitas é a dos Castelos Romanos, na periferia de Roma. Algumas dessas seitas são regulamente registradas na qualidade de associações, como foi denunciado recentemente, por Angelo Bonelli, expoente do Partido Verde. "Orgasmo negro" e "Igreja Negra Luciferina" são duas denominações registradas como associações, no Tribunal de Roma, desde 1984.
[10] CESCA, Olivoop. cit. p. 15.
[11] CESCA. Olivoop. cit. p. 14.
[12] BESSA, António Marques; O Segredo dos Últimos Tempos: A Montanha de La Salette. Mem Martins: Associação Cultural Tudo Instaurar em Cristo, 1983.
[13] Também S. João Crisóstomo (+ 407) profetizou: "O anticristo será possuído por Satanás e será filho ilegítimo de uma judia".
[14] Chamou-se Galicanismo a tendência separatista da igreja católica da França em relação a Roma e ao Papa. A origem do nome provém de Gália, nome antigo da França. Atualmente essa mesma tendência separatista e rebelde está inserida silenciosamente na hierarquia da Igreja e se difunde por meio de posturas e novas teologias baseadas no conceito marxista de luta de classes, como a Teologia da Libertação.
[15] CESCA. op. cit. pp. 19-20.
[16] CESCA. op, cit. 20-21.
[17] CESCA. op. cit. p. 22
[18] "Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16,19).
[19] CESCA. op. cit. p. 22.
[20] SWANN. op. cit. p. 75.
[21] CESCA. op. cit. p. 22.
[22] René Laurentin — Michel CortevilleDécouverte du secret de LaSaletteFayard, Paris, 2002, p. 139.
[23] Laurentin-Corteville, op. cit., p. 27.
[24] Jean Stern, La Salette — Documents authentiques, vol. 3,Desclée de Brouwer, 1980, p. 161.
[25] Revista Catolicismo, novembro de 2006.

Para citar este texto:
27.- O APOCALIPSE DE LA SALETTE: “O CORAÇÃO DAS MENSAGENS DE MARIA” (1846) 

Mensagens de Maria Santíssima e o último embate entre Igreja x anti-Igreja

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